domingo, 10 de agosto de 2008

DE ESSÊNCIAS E FORMAS...

Que respostas há em teus olhos, que anulam minha ânsia de perguntar? As sílabas que teu silêncio calmo profere despem meu ser de sua habitual arrogância, de seus escudos e suas máscaras e extático, fito tua imensidão - Oceano, deserto, montanha e firmamento - que suave ecoa na imensidão oculta aquém das praias do consciente. “Fito tua imensidão”, disse, mas com olhos semicerrados contemplo tua face, como se em demasia, teu bálsamo em veneno se transmutasse, e cego quedaria frente à tua exuberância.

De teus segredos, mãe, nada sei, a não ser o que tua nudez exposta aos ventos sussurra em meus ouvidos. “Abre, filho, abre os olhos de tua alma e deixa teu espírito sedento fartar-se em minha serenidade. Suga do leite que, cristalino aflora de meu seio. Corre, filho, flui por minha veias ancestrais e comungue de meus mistérios. Afaga minha pele com teus passos e respira do hálito verde de meus prados. E ausente de ti, recebe meu legado.”

E sempre retorno aos lides frívolos da carne. O véu encobre meus olhos, protegendo aos contornos vivos de teu relevo e ao aconchego de teu ventre da profanação de um olhar despido de transcendência. E uma vez mais, revertes-te à condição de oceano, deserto, montanha e firmamento...

Até que o ciclo se reinicie e o chumbo inculto, relembre sua essência e sublime-se em ouro.

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