sexta-feira, 25 de novembro de 2011

O Passaro Azul - 1940 - (Legendado)

Título Original: The Blue Bird
País de Origem: EUA
Gênero: Aventura
Tempo de Duração: 88 minutos
Ano de Lançamento: 1940

As Viagens de Gulliver - 1939 - (Legendado)

Gulliver's Travels (Original)
Pais: Estados Unidos
Gênero: Aventura, Desenho Animado
Direção: Dave Fleischer
Roteiro: Edmond Seward
Produção: Max Fleischer
Fotografia: Charles Schettler

quinta-feira, 12 de maio de 2011

terça-feira, 10 de maio de 2011

A Guerra que você não vê - John Pilger - completo legendado

Neste documentário, John Pilger expõe como os grandes meios de comunicação dos países imperialistas (assim como seus representantes nos países periféricos) manipulam as informações com o objetivo de justificar suas guerras de rapina e outras políticas contrárias aos interesses das maiorias populares.



As cenas das atrocidades cometidas no Iraque, no Afeganistão e na Palestina são amostras do grau de perversidade a que se pode chegar com o objetivo de garantir privilégios.

IV Drakkar Noir – Afinidades perigosas

IV – Afinidades perigosas

 chrystian r. silva




“(Há tempo) tempo de matar, e tempo de curar; tempo de derribar, e tempo de edificar;”
Eclesiastes 3:3

Então este é o apartamento de um assassino? Três mortes e uma pia abarrotada de louça nas costas. Olho à minha volta e vejo ruínas de uma outra pessoa, uma outra vida. O apartamento é pequeno, o ar quase irrespirável. Abro as janelas e deixo o ar úmido tocar as cortinas empoeiradas e tomar o ambiente. Ela, Carla, me observa. Guarda um silêncio quase respeitoso. Para ela, é quase como se eu estivesse visitando um túmulo. Quem sabe de fato não estou?
Estas não são mais minhas coisas. Só os livros são meus, amontoados em pilhas sobre cada espaço fora das rotas entre os eletrodomésticos mais utilizados, aqueles sobre os quais recai uma camada menos espessa de poeira. Alguém me disse que o maior componente da poeira em nossa casa é pele morta. Então talvez um pouco daquela outra esteja me espreitando por aqui. Até os CDs pertencem a alguma outra pessoa. Os vinis? Talvez alguns deles ainda sejam meus. O tabuleiro, o velho, enorme e pesado tabuleiro de xadrez, com sua madeira antiga e confiável, ainda é meu. Ele se espalha, ancião agasalhado por uma pesada manta de poeira. A secretária pisca, lotada. Aperto seus botões e ela começa a me contar meus segredos.

II - Drakkar Noir - A Dama de Espadas



II – A dama de espadas
por chrystian r. silva
31
Ele dorme... já faz mais de setenta horas que ele dorme. De tempos em tempos (uma vez que não é possível saber se é dia ou noite), troco seus curativos e o viro na cama. Ocupar a mente e manter-me longe do horror dos recentes acontecimentos. Ele dorme, jaz em um sono tão profundo que se não fosse a respiração pesada, dir-se-ia morto. Ele dorme longe dos vivos, dos seus problemas, da mulher que o abandonou, de seus ferimentos e suas mágoas... e longe do álcool. Eu também estou longe do álcool há setenta horas. As pálpebras querem se fechar. Os olhos queimam. “Este homem se arriscou por você, Carla... cuide dele... Concentre-se nele e tudo estará bem.”
O sono me leva por alguns segundos, de quando em quando, imagens voltam a minha mente... imagens grotescas de um quase assassinato. Meu quase assassinato. Meu assassino... meu anjo. Não o reconheci a princípio, mas um momento antes de sair, aqueles olhinhos maníacos apresentaram um lampejo de algo quase definível como humano... algo invulgarmente familiar. Espere! Ele acordou!

Drakkar Noir I - O Homem de Olhos Tristonhos





I - O homem de olhos tristonhos *
por chrystian r. silva (urso malvado)
1 2/23/2005 4:59 AM
Que lugar é esse? Eu me pergunto como vim parar aqui... num momento eu estava... onde eu estava, afinal? Bem, e no momento seguinte estou aqui... que não sei bem onde é. Estas pessoas... estas pessoas me parecem vagamente familiares. Elas se movimentam e riem seus risos embriagados sempre nas bordas da percepção... elas entram e saem da visão como em um sonho. Contornos imprecisos, imagem borrada e sem coerência. Estou morto? Estou bêbado? Há música. Música indefinida, como duas faixas tocando ao mesmo tempo. É um bar. Um bar enfumaçado... escuro... focos baixos de luz aqui e ali nos corredores entre as mesas. Uma atmosfera vagamente decadente, mas inegavelmente charmosa. Um balcão... uma cela, uma ilha de luz naquela escuridão... talvez o último lugar no mundo onde ainda exista luz. À parte de todas as considerações filosóficas, resta o fato de que isto é um bar e... bem... agora só falta vodka para eu estar em casa.
Dirijo-me ao balcão. Ninguém parece ter feito muito caso de minha chegada repentina... será que todos chegaram assim por aqui? O bartender tem olhos que inspiram certa cautela. Sua figura corpulenta e barbuda, metida num “dinner jacket” lembra Hemingway... Ele soa algo alienígena e, paradoxo completo, incrivelmente apropriado a este ambiente.
- Boa noite. Ele sorri discretamente.
- Você tem Vodka tridestilada? Pergunto ignorando sua polidez
- Qual?
- Qualquer uma em dose tripla.
Raiska... já bebi piores...
*    Nome de uma obra de Mestre Ticiano (N. do A.).




sábado, 7 de maio de 2011

The Atomic Cafe (1982) - completo legendado (espanhol)

Em The Atomic Cafe os diretores Jayne Loader e Kevin Rafferty fizeram uso de arquivos de imagens liberados pelo governo norte-americano para mostrar a propaganda anti-União Soviética e pró-armas nucleares, declarando que eram necessárias e seguras, além de proporcionarem conselhos e normas de segurança em caso de ataque repentino do “inimigo vermelho”. Em vários momentos, os documentaristas utilizaram canções que tinham relação com a energia atômica. O resultado é um filme que causa arrepios e risos amarelos, diante do absurdo de algumas situações.

A História das coisas - completo dublado

Da extração e produção até a venda, consumo e descarte, todos os produtos em nossa vida afetam comunidades em diversos países, a maior parte delas longe de nossos olhos.
História das Coisas é um documentário de 20 minutos, direto, passo a passo, baseado nos subterrâneos de nossos padrões de consumo.
História das Coisas revela as conexões entre diversos problemas ambientais e sociais, e é um alerta pela urgência em criarmos um mundo mais sustentável e justo.


segunda-feira, 2 de maio de 2011

Cidadão Kane (1941) - completo legendado

Cidadão Kane é supostamente baseado na vida do magnata do jornalismo William Randolph Hearst, e conta a história de Charles Foster Kane, um menino pobre que acaba se tornando um dos homens mais ricos do mundo.
O filme marcou sua época devido às inovações, sobretudo as técnicas narrativas, os enquadramentos cinematográficos e a cenografia, que mostra pela primeira vez o teto dos ambientes. Começa com o protagonista já morto e o jornalista Jerry Thompson é enviado por seu chefe para investigar a vida de Kane, a fim de descobrir o sentido de sua última palavra, a qual ninguém sabia. Entrevistando pessoas do passado de Kane, o jornalista mergulha na vida de um homem solitário, que desde a infância é obrigado a seguir a vontade alheia. Ninguém a seu redor importa-se com Kane, que busca por meio da aquisição de bens e a adoração das pessoas.

Júlio César (1953) - Completo (com Marlon Brando)

Eles são todos "homens honrados". E eles todos são conspiradores tramando o assassinato do imperador. Para contar com o apoio das massas, entretanto, eles sabem que precisam que sua causa ganhe a simpatia do admirado Brutus. Júlio César (indicado para cinco Oscar, incluindo Melhor filme, e ganhador do prêmio de Melhor Direção de Arte) permanece como uma das melhores adaptações da obra de Shakespeare, sob direção Joseph L. Makiewicz (Oscar de Melhor Direção por A Malvada). À frente de um elenco de estrelas, John Gielgud interpreta o líder da conspiração, Cássio (mais tarde, estaria do outro lado da adaga no papel de César, na versão de 1970 para o filme). James Mason (ganhador do prêmio de Melhor Ator no segundo o National Board of Review) é o atormentado Brutus. E, engrandecendo ainda mais o elenco, Marlon Brando troca sua tradicional camiseta branca por uma toga romana para dar vida ao leal vingador Marco Antônio.
























terça-feira, 26 de abril de 2011

Corações e mentes (Hearts and Minds) - completo legendado

Corações e mentes (Hearts and Minds, no original), um documentário de 1974 dirigido por Peter Davis sobre a Guerra do Vietnã é considerado um dos mais importantes documentários políticos da história do cinema.























A raiz de todo o mal? - A ilusão de Deus - completo legendas em espanhol

Documentário escrito e apresentado por Richard Dawkins para o Channel 4 britânico, tem como foco demonstrar a prescindibilidade das religiões, evidenciando possíveis vantagens para a humanidade advindas de sua inexistência

A raiz de todo o mal? - O vírus da fé - completo legendas em espanhol

Segunda parte do controverso documentário escrito e apresentado por Richard Dawkins para o Channel 4 britânico, tem como foco demonstrar a prescindibilidade das religiões, evidenciando possíveis vantagens para a humanidade advindas de sua inexistência.

sábado, 23 de abril de 2011

Zeitgeist Adendum - completo legendado

Sequência controversa e pouco conhecida do igualmente controverso Zeitgeist.

Zeitgeist - o filme - completo legendado

 Algumas verdades ficam encobertas por uma camada perene de mentiras, oficiais ou não, Zeitgeist faz questionamentos interessantes sobre o que conhecemos sobre o mundo no qual vivemos, um mundo desenhado pelas necessidades do capital...

A Batalha de Argel (1966) - completo

A luta da Argélia para se tornar independente da França é narrada pela trajetória de Ali, líder da Frente Algeriana de Libertação Nacional (FLN), desde o momento em que ele se une à organização, quando ainda era um pequeno ladrão, até sua captura, juntamente com os últimos líderes do movimento, e por fim a execução de todos pelo governo francês. Construído com um suspense crescente, o filme conta em paralelo a guerra dos rebeldes, fundada em métodos não convencionais, e as medidas cada vez mais extremas tomadas pela França. Censurado no Brasil na época da ditadura de 64, A batalha de Argel foi adotado no currículo da Escola Superior de Guerra brasileira como parte da formação dos futuros generais. Uma obra-prima de Gilo Pontecorvo, é um verdadeiro tratato de guerrilha e contra-guerrilha.

incorporação desativada pelo Youtube... assista in loco.

Fog of War - completo multi-legendas

Documentário com Robert McNamara, secretário de defesa dos EUA de 1961 a 1968, durante a durante a guerra do Vietnã. Foi também presidente do Banco Mundial de 1968 a 1981.

Górgona

Design para tattoo.



estado intermediário.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

historiarte: suicídios de japoneses na Segunda Guerra Mundial

historiarte: suicídios de japoneses na Segunda Guerra Mundial

Outubro (Oktyabr, 1928; Sergei Eisenstein) - completo

Em estilo de documental, são encenados os acontecimentos de Petrogrado, desde o fim da monarquia, em fevereiro de 1917 até o fim do governo provisório e os decretos de paz e de terra em novembro do mesmo ano. Lenin retorna em abril. No final de outubro, os bolcheviques estão prontos para atacar. Muito embora o mencheviques vacilem, umA guarda avançada se infiltra no palácio; Anatov Oveyenko lidera o ataque e assina decreto dissolvendo o governo provisório.

a dança dos vampiros (completo - dublado)


infelizmente dublado... sorry...    :(

Dementia 13 (completo)

sexta-feira, 25 de março de 2011

a sina de guerreiro

Um guerreiro não se dá ao luxo de dar combate apenas quando as circunstâncias sejam de seu agrado.
Combater na sombra, em condições que sejam confortáveis e com resultado garantido, seria maravilhoso, mas aí já não seria batalhar.
Aquiles nada ganhou permanecendo irado junto aos navios; Páris passou para a crônica com a pecha de covarde por ter sido salvo de uma suposta morte certa, sendo retirado do campo de batalha por uma divindade.
Por outro lado, a fúria do mesmo Aquiles tornou-se legendária, sobrevivendo-lhe; Heitor, valoroso diante da derrota certa permitiu a sobrevivência de seu povo.
Todos e cada um deles assumiu riscos, levantou-se de sua cama a cada manhã, armou-se e partiu sem saber se voltaria a encontrar o conforto ao cair da noite.
O cansaço, o desânimo, o medo, a raiva vem para todos, a frustração de sentir que não há avanço afligem o mais corajoso dos guerreiros, não deve ser motivo de grande aflição, para isso os guerreiros se reúnem à noite em volta do fogo... trocam impressões, contam suas histórias, mutuamente se encorajam...
(em andamento)

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Um amante para Laíse ( Contos paranóicos 2)

(texto inacabado de autoria de Sílvia Helena Menezes de Castro in memoriam)

Parada, à frente do guarda-roupas aberto, tenta escolher alguma coisa menos sóbria, que indique seu estado excitado de espírito. A voz, gente, aquela voz ao telefone encheu sua pele de arrepios que ela ainda não conhecia, mas já ouvira falar.
“ - Então, nos encontramos às 15 horas na praça de alimentação do shopping***, em frente ào restaurante árabe. Vou usar camisa pólo vermelha e estarei com uma maleta preta em cima da mesa, esperando você, e então vamos para outro lugar. Quero fazer tudo ao vivo, tudo que teclamos.... Tudo bem, Laíse ? Você está me ouvindo ? Combinado ? “ Perguntas que a puxaram de novo para a terra...
“ - Ahammm, tudo bem, encontro você às 15, no lugar combinado. Ainda não decidi o que vestir, mas minha bolsa também será vermelha.... e grande, e quero muito ... quero muito”, afirma ela, como se precisasse se convencer de sua própria vontade.
                 Moça de origens humildes, Laíse rememora o sensaborão que tem sido sua vida , uma vida inteira de “negação dos próprios desejos, de recalques e de chatice”. Edilza, maluca, a amiga de mais de 20 anos foi quem a despertou, foi quem lhe acendeu a gula do prazer, da indolência, a gana de volúpia. Edilza criara para ela a identidade de mulher fatal na internet, Edilza a ensinara a usar o computador do marido em segredo, Edilza a ensinara a entrar em salas de bate-papo erótico e se fartar de prazer durante as tardes.
    Laíse. Até o nome , segundo lhe dissera a mãe, era uma homenagem singela à deusa Lisa, a Minelli, mas que a mãe não tivera coragem de colocar o mesmo nome forte na filha...Então surgiu Laíse, nome doce e tranquilo. Até isso, o nome que tentou apagar o fogo.
    Na escola, era a boazinha, limpinha e delicada, “tão pobrezinha, coitadinha, que dá dó”, diziam as professoras entre si. E ela alimentava pensamentos estranhos, pensamentos de aviões, festas de luxo, coleções de roupas caras e a mãe linda, bem vestida, não mais se acabando num tanque cheio de roupas. Roupas dos outros, que era isso que sustentava a casa, punha o feijão ralo na mesa. Do pai, uma lembrança apenas: dos tapas e socos brutais que dera na mãe, naquela noitinha remota, e da tentativa de             molestá-la, bêbado, enquanto a mãe se arrastava para pegar um pedaço de pau para abrir a cabeça do infeliz, no momento exato em que ele baixava as calças. Depois, a mudança, de madrugada, fugidas, uma trouxa de roupas em cada braço, alguns cacarecos e vida nova na cidade grande, um bairro afastado. Dificuldades. Humilhações. Mas , ia-se vivendo.
    Adolescente, sem ser rica nem linda, continuou doce e limpinha, mas os sonhos também continuaram, incomodando e martelando, até que a necessidade a empurrara para Eleandro. Moço bom, funcionário público, estável, embora sem grandes belezas nem imensos sonhos, mas a garantia de mesa posta, um teto sobre a cabeça, já que a mãe, doente, já não podia trabalhar. Primeiro namorado, um ano depois, marido. Apenas beijara o homem, embora seu corpo sentisse ímpetos de ir além. Mas se continha, tinha medo de, como dizia a mãe, “botar tudo à perder “ se cedesse, um centímetro... e continuava doce, limpinha.
    Adulta, casada, não tivera filhos . Nem alegrias desmedidas. Para falar a verdade , alegria nenhuma, que Eleandro era chato, careta, sistemático, sovina e pentelho; mas pagava todas as contas , com exatidão, no final do mês. E tudo corria nos trilhos, e ela continuava doce, limpinha...mal amada, mal comida, mas doce e limpinha. (...)

A prepotência de Vera Braun (contos paranóicos - I)

 (texto de autoria de Sílvia Helena Menezes de Castro in memoriam)
Do diário de Vera :
“Penso, logo existo e não admito mais nenhum tipo de magnanimidade. Vou à forra, quero e tenho sede de vingança. Eles não sabem com quem se meteram, aqueles dois! Nem que eu tenha que escrever à ferro e fogo as minhas iniciais nos lombos dos dois, vou à forra”.

    Frio de inverno no sul do Brasil, tempo que remete a cafés aconchegantes, casacos quentes, conhaque e abraços. Não para ela, que está solitária e tem bem pouca força de vontade para modificar qualquer coisa em sua vida. Pensa , logo existe... E tem que se haver sozinha com os despautérios de sua vida.
“- Sabe, Vera, não é você. Sou eu, eu mudei, eu descobri coisas novas em mim, e descobri que tenho vontade própria, que posso decidir as coisas por mim. Você continua sendo uma mulher incrível, uma pessoa linda, mas não rola mais entre nós aquela química, aquele fogo, sabe como ?” Fernando.Fernando.Fernando... Imbecil, idiota, retardado Fernando!
“ - Como ele pôde ? E como ele acha que vai sobreviver sem mim, sem minha força, sem meus instintos, sem meu domínio sobre suas idéias conflitantes? E como ele ousa sair assim da minha vida ? E me trocar por uma vadia qualquer, como ousa ???”
    Caminha, sem nexo e sem rumo, pelas calçadas geladas, molhadas da garoa do final de tarde . Incerta, incerteza, infortúnio, infâmia... palavras que ela pensa, a cada passo, e lágrimas acompanham as palavras, lágrimas borradas de rímel e dor, de um amor que já não é, dor do que nem chegou a ser . Caminhar, cansar o corpo, para que a mente não o domine. “ - Assim é Vera Renate Braun”, pensa ela; “ muito prazer, sou sobrevivente. Mas não aguento mais apenas sobreviver, não posso mais permitir ser usada assim...Não, Fernando não vai me deixar e pronto, está decidido.Não vou entregar o ouro assim tão fácil, estão pensando o quê?”.
    A garoa macia se transforma em chuva insistente, fria , e ela entra no primeiro lugar que aparece, um boteco decrépito, com mesas de tam pos de metal imitando mármore... “- Ui, pensa ela; ah, quer saber, foda-se o caralho”. Senta-se na mesa mais próxima do banheiro, e um rapaz com cara de sono vem perguntar o que ela deseja.
“ - Se eu te disser, amigo , você vai ficar de pau duro ou vai me colocar prá correr”, pensa ela, mas fala outra coisa: “  - Rabo de galo, duplo”.
“  - Mais alguma coisa, moça?”
“ - Arsênico e uma metralhadora”, pensa ela...”Não, por enquanto é só”, ela diz.
    O rapaz traz o drinque num copo duplo de suco de laranja, com pezinho...
“ - Patético”, pensa ela ; “patético e brega e ridículo...”
Primeiro gole, sente o gosto das bebidas misturadas , ordinárias, sem pedigree. “ - Como Fernando, sem pedigree, sem noção, sem rumo, sem nada , sem mim...” Bebe mais, e mais, e mais. Termina e chama o rapaz: “ Repete a dose, por favor”!
    Sem delongas . Novo copo, agora o gosto é das lágrimas que escorrem pela face de pele cor de marfim, sardinhas no nariz...Os lindos olhos verdes estão inchando, as pálpebras vermelhas de tanto choro.... borrados de rímel, borrados de dor.
    Entra o que provavelmente seja uma freguesa contumaz do boteco. Risos. “ - Entaõ, Paraguaia velha, como está a vida?”
“ - Mira.... Una porquería, sin dinero, todos falando de crise, crise, crise... e yo no tengo crise, que cago en la madre de la crise....” Risadas, a Paraguaia dá uma olhada para dentro do boteco e vê a moça de cabelos bem cuidados e olhos tristonhos. Com o olhar e um esgar da boca pergunta para o rapaz do balcão : “ Qué pasa?” 
 Ele dá de ombros , não sabe explicar quem é a morena, nem de onde ela saiu. Súbito, Vera se levanta, joga aleatóriamente uma nota de 50 no balcão e sai, encarando a chuva e o vento frio, sabendo que tem que fazer alguma coisa. As gotas geladas escorrem por seu casaco de couro negro, assim como suas botas. Não sentia mais o frio, apenas a leve vertigem da decisão.
“ - Agora ou nunca, não vou deixar barato, eles pensam o quê ? Sou Vera Renate Braun, sou rica, sou bonita, sou poderosa, sou artista e tenho contatos importantes no mundo da arte, Fernando precisa de mim, sem mim ele não vai conseguir ser um pintor conhecido, eu impulsionei a carreira dele, eu o vesti, calcei e penteei; eu, Eu , EEEEUUUUU   !!! Quem é Fernando Vaz? Ninguém. Quem é Vera Renate Braun ? Tudo. Ah, o Fernando , NAMORADO da Vera Braun ? Aaaahhhhhh, ESSE Fernando... Fernando Vaz é nada, nada sem mim!” Caminha com passos incertos, de repente está bem na entrada do prédio de Fernando. Toca o interfone, uma, duas, mil vezes, com desespero. Nada. Grita . Esmurra a porta. Nada, Fernando não responde. Alguém aparece na janela da sala do apartamento vizinho e diz que o rapaz se mudou, moça, levou o resto das coisas dele hoje de manhã. Não, não sei prá onde, só vi um carro muito chique, preto, esperando por ele aí embaixo. Não, não deixou endereço. De nada, moça, mas você tá bem ? Moçaaaaaa!!!!!!
    Sai, passos ainda mais incertos. Incauta, irresoluta, incapaz de coordenar as próprias idéias. “- Quem sou eu, mesmo? Onde é que estou, que cidade é esta, meu Deus? Que ruas são essas, eu devo ter um carro, porquê tenho as chaves e o controle.. Mas onde, onde ? Onde eu moro, que cacete, tá frio, eu devo morar em algum lugar...Quem sou eu, onde estou?”
    Dor, ela só tinha agora consciência da dor infinita que o amor mal resolvido deixa no coração, vez por outra. Amor doente, paranóico...Amor de perdição, de destruição.  Pára debaixo de um poste, acha cigarros na bolsa, acende um.. Dedos trêmulos, uma tragada longa, respira fundo para coordenar suas idéias. Lembra quem é, lembra do que aconteceu. Novas lágrimas , novo acesso de choro, um choro espremido, contido, dolorido. Assim é Vera Braun : espremida, contida, dolorida, batida como carne de terceira, nervos expostos sem proteção. Instensa, louca, infame...Mas Vera Braun. E Fernando, quem é ? Nada, ninguém.

Do diário de Vera Braun:
“ -Não sei como cheguei em casa aquela noite, não sei como tomei banho, troquei de roupa e me joguei na cama.... Não sei mesmo, mas o fato é que cheguei. Acordei em meu quarto, só e superaquecida com edredons e cobertores, a cabeça parecendo um balão de ar, levantei e fiz café.  Jornais, preciso ler os jornais e descobrir que dia é hoje, que ano é agora, e o que acontece no mundo, além da minha cabeça. Descubro que dormi quase um dia inteiro, que hoje já é amanhã e o jornal me mostra uma data estranha...
Vou à sessão de notícias sociais, nada de novo, esportes, política, e sem querer, passo a página  policial. Foto de meia página, nítida, em preto e branco...Ele, não podia ser...Fernando, caído no chão, um filete de sangue escorrendo do olho perfurado, um sorriso cínico no rosto...”Vítima de crime passional, Fernando Vaz, artista plástico, envolvido com socialite casada”... Escândalo. Nãoacreditonãoacreditonãoacredito.Nâo pode, quem disse que eu deixei ?Era meu, MEU brinquedo, eu ia dar um jeito, eu, mais ninguém... estúpido, cretino, bem feito, se envolveu com uma vaca casada, bem feito, tomou um pipoco no meio da cara, mas era meu, eu ia fazer isso, eu ia dar um jeito, eu, EU , Vera Renate Braun, não um fulano ciumento e corno qualquer. Deus! Deuuuuuusssssssss!!!!!!!!!!! Soco a mesa, meu punho dói. Sinto frio, muito frio, meu estômago revira, corro ao banheiro, vomito toda a dor, toda a angústia, toda a raiva em forma de bile aquosa e verdolenga, amarga. Fernando, morto. Frio, frio, solidão. Volto para a cama, para baixo das cobertas, quem sabe estou sonhando. Preciso dormir, dormir , dormir... assim nao penso. Dormir, sonhar, quem sabe isso tudo é um sonho ? Um pesadelo, quem sabe? Dormir.”
    Acorda, muitas horas depois, quase noite. Um branco no estômago lembra que existe comida no mundo, e que ela precisa cormer alguma coisa. Se levanta, meio tonta, toma uma ducha rápida, se veste. Trêmula de dor, de frio, de fome, entra no carro e sai, cantando de leve os pneus, deslizando pelo asfalto molhado. A chuva fina continua, mas ela se sente mais serena, como se tudo tivesse sido um sonho, um pesadelo. Liga o som, droga, porcaria....Billie Holiday e sua voz uterina dizem “I’ve been seeing you”....Estaciona perto de um de seus restaurantes favoritos, desce e se decide.
“- Vou entrar , comer o que eu mais gosto daqui. Vou sobreviver. Estou acima desta lama toda; por que ele, ela , eles era apenas “eles”. Um casalzinho brega que nasceu prá se ferrar; mas eu, eu sou Vera Renate Braun. Vera Renate Braun, dispensando maiores apresentações, sem comentários... Eu sou e basta”.
    Entra no restaurante, elelgante, vestindo um costume de um estilista fashion, sapatos  ultra fashion , cabelos cortados e pintados por um mega fashion hair stilish e instantâneamente se torna alvo dos paparazzi de plantão. “Sim”, pensa ela, “assim é que deve ser... atenção para mim, Vera Renate Braun, a que É e basta”. Senta-se à mesa , a melhor mesa da casa, recebe a atenção do maitre, dos garçons, e pensa:
“ - Sim, assim é que deve ser. Assim caminhará a humanidade, como Vera Renate Braun decidir, e nâo o contrário. Assim. E basta”.