terça-feira, 14 de julho de 2009

EDUCAÇÃO NO BRASIL - UM ENIGMA


Dizer que o Brasil é um país de grandes contrastes tornou-se um lugar-comum nos meios de comunicação. Encontramos desigualdades brutais no território de dimensões continentais do Brasil. Um dos elementos que dão origem aos contrastes sócio-econômicos é a questão da educação. Contando com 16 milhões de analfabetos (número superior à população de alguns dos países vizinhos na América do Sul), configura-se em um verdadeiro desafio cumprir o que preconiza a Carta Magna quando reza que a educação é um direito de todos os brasileiros e um dever do estado em fornecê-la gratuitamente, integralmente e com qualidade.
O perfil das pessoas em condições de analfabetismo inclui aqueles que tiveram de abandonar os bancos escolares para ingressar prematuramente no mercado de trabalho, visando ajudar no sustento de seu núcleo familiar; pessoas que se mudaram de residência ou residem demasiadamente longe da rede escolar, entre outros motivos. É nesta condição de exclusão social que populações inteiras permanecem em situação de vulnerabilidade, sendo-lhes negadas condições mesmo de sobrevivência imediata e aspirações de ascensão social através do estudo.
Independentemente de credo, etnia, gênero ou indicadores sócio-econômicos, os jovens têm, em comum entre si, uma série de características que os tornam ao mesmo tempo uma grande esperança para a melhoria deste país, como também uma grande preocupação quanto ao futuro de nosso povo. O jovem e adulto não alfabetizado não foge deste quadro, também eles representam depositários da esperança e ansiedade que nós, seus contemporâneos, depositamos nos jovens e adultos alfabetizados.
Infelizmente existe ainda muito preconceito para com a pessoa que não tenha passado pela experiência escolar, relegando-a à condição de cidadão de segunda categoria ou até mesmo indivíduo que “não aprende”. Nada poderia ser mais distante da realidade. As pessoas não alfabetizadas acabam passando por uma espécie diferente de aprendizado, de cunho empírico, aprendendo a lidar com seu dinheiro, a administração básicas de seus compromissos, sua orientação nas ruas. As estratégias desenvolvidas neste aprendizado depõem a favor da capacidade humana de aprendizado, mostrando-nos que um processo educativo urge que levemos em consideração estas habilidades do jovem, adulto e idoso não alfabetizado.
É neste ponto que se insere como elemento chave nesta transformação pessoal e social a figura do educador, como mediador entre o indivíduo tido como educando e o mundo da linguagem escrita e comunicação, propiciando uma interação mutuamente enriquecedora em uma relação de aprendizado bilateral, onde ambos os lados se beneficiam dos conteúdos partilhados.
A formação de turmas de alfabetização geralmente inclui elementos heterogêneos, incluindo pessoas de diversas camadas etárias, com diversas origens e panoramas sócio-culturais. Assim sendo, é fundamental que o educador leve esta heterogeneidade em conta para que possa efetivamente intervir positivamente na vida de cada um dos indivíduos envolvidos.

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