sexta-feira, 23 de outubro de 2009

A LESTE DO ÉDEN


Está chovendo aqui, a leste do Éden, e as exiladas criaturinhas de Deus em silêncio se aninham umas nos braços das outras e mutuamente se consolam. Está frio aqui, a leste do Éden, e as rebeldes criaturinhas de Deus usam seu calor, mutuamente cedido, emprestado, consentido, para aquecerem umas às outras. Leste do Éden é um lugar solitário para se viver, mesmo quando não se está só, mas quando se está, é o ermo, o esquecimento.
Exiladas entre os exilados, algumas sofridas e felizes criaturinhas de Deus há, que perscrutam a multidão procurando o rosto e os braços a que foram destinados desde o nascimento (ou antes). Muitas delas não o conseguirão a princípio e desistirão. Outras tantas encontrarão e não saberão reconhecer, levando assim, uma vida frustrada, sem saber que chegaram perto da felicidade plena, e miseravelmente falharam em identificá-la. Há aquelas que perder-se-ão pelo caminho, seduzidas por paraísos diversos (e fugazes), não podendo e não querendo mais retornar à busca.
No entanto existe sempre a abençoada possibilidade de recuperar sua outra metade e poder retornar à terra de origem, pois não existe destino pior que ser sozinho a leste do Éden.

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